ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 01.08.1997.
Ao primeiro dia do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e
sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às nove horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia
Maranhão, Cyro Martini, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez
Pinheiro, Luiz Braz, Paulo Brum e Renato Guimarães. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren,
Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Hélio
Corbellini, Isaac Ainhorn, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu
D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Tereza Franco.
Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas
da Qüinquagésima Sexta Sessão Ordinária, das Primeira e Segunda Sessões
Extraordinárias e da Décima Sexta Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA
foram encaminhados: pelo Executivo Municipal, os Ofícios nºs 308, 320, 339,
515, 516 e 517/97, encaminhando os Projetos de Lei do Executivo nºs 28, 29, 33,
30, 31 e 32/97 (Processos nºs 2106, 2173, 2339, 2236, 2237 e 2238/97,
respectivamente); pelo Vereador Adeli Sell, o Projeto de Lei do Legislativo nº
126/97 (Processo nº 2060/97); pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, os Projetos de
Lei do Legislativo nºs 52 e 133/97 (Processos nºs 1183 e 2245/97,
respectivamente); pelo Vereador Antônio Losada, o Pedido de Informações nº
110/97 (Processo nº 2070/97); pelo Vereador Clovis Ilgenfritz, o Projeto de Lei
do Legislativo nº 130/97 (Processo nº 2217/97); pelo Vereador Eliseu Sabino, os
Projetos de Lei do Legislativo nºs 127 e 131/97 (Processos nºs 2107 e 2230/97,
respectivamente); pelo Vereador Fernando Záchia, os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 128 e 132/97 (Processos nºs 2187 e 2231/97, respectivamente);
pelo Vereador Luiz Braz, o Projeto de Lei do Legislativo nº 125/97 (Processo nº
2055/97); pelo Vereador João Carlos Nedel, 05 Pedidos de Providências e os
Pedidos de Informações nºs 116 e 123/97 (Processos nºs 2195 e 2313/97,
respectivamente); pela Vereadora Maria do Rosário, o Projeto de Resolução nº
22/97 (Processo nº 2244/97); pelo Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador Reginaldo Pujol, o Projeto de Lei do Legislativo nº
129/97 (Processo nº 2198/97). Ainda, o Senhor Presidente deferiu os seguintes
Requerimentos, solicitando desarquivamento de processos: de autoria do Vereador
Clovis Ilgenfritz, referente ao Projeto
de Lei Complementar do Legislativo nº 14/97 (Processo nº
1945/97); de autoria da Vereadora
Maria do Rosário, referente
ao Projeto de Lei do Legislativo
nº 96/95 (Processo nº1995/95). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 331 e
340/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 143/97, do Senhor Arno
Hugo Augustin Filho, Secretário Municipal da Fazenda; 756/97, do Contador
Doutor Olivio Koliver, Presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio
Grande do Sul - CRCRS; Convites: do Senhor Antônio Britto, Governador do Estado
do Rio Grande do Sul, e do Senhor José Fernando Cirne Lima Eichenberg,
Secretário de Estado da Justiça e da Segurança/RS, para a cerimônia de
lançamento do Programa de Educação e Segurança no Trânsito - PROEST-RS; do
Senhor Daniel Tevah, Presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas do
Brasil - ADVB/RS, e do Senhor Dagoberto Lima Godoy, Presidente da Federação das
Indústrias do Rio Grande do Sul - FIERGS, para o Seminário Internacional
Marketing Industrial. A seguir, o Senhor Presidente informou que estão sendo
aguardadas as autoridades participantes do 7º Encontro do Foro de São Paulo, a
fim de realizar visita a esta Casa. Após, em TRIBUNA POPULAR, o Senhor
Presidente concedeu a palavra aos Senhores Geraldo Bratkowski e Marion Kruse
Nunes, respectivamente Presidente da Associação Comunitária Passo D'Areia e
Presidenta da Associação dos Moradores do Bairro Boa Vista, que discorreram
acerca da aprovação, por este Legislativo, da Lei nº 7975/97, que criou o
Bairro Iguatemi, declarando não ter ocorrido a devida consulta à comunidade
afetada pela criação desse Bairro. Às nove horas e vinte e nove minutos os
trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às nove horas e
trinta minutos, constatada a existência de "quorum". A seguir, o
Senhor Presidente informou a entrega, pela Assessoria de Relações Públicas, da
nova agenda mensal de eventos desta Casa e convidou a todos para a abertura da
Exposição "As Casas da Câmara - A trajetória dos espaços da Câmara
Municipal", a ocorrer no dia de hoje, às onze horas e trinta minutos, na
Sala Adel Carvalho do Palácio Aloísio Filho. Também, informou que hoje, às
quinze horas, comparecerão à Casa o Senhor
Luiz Antônio de Xangô, da Sociedade Africana Ylê de Xangô Aganjú,
acompanhado do Rei do Candomblé no Brasil - O Olnwô Pai Paiva, e sua esposa, em
visita a esta Capital com a finalidade de outorgar ao Babalorixá Luiz de Xangô
Aganjú a denominação religiosa de Oju Obá - Olho do Rei Xangô - Djina. Ainda,
comunicou que o período de Grande Expediente do dia quatro de agosto do
corrente será destinado a homenagear a Rádio Farroupilha pela passagem de seu
sexagésimo segundo aniversário. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em
2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nº 63 e 95/97, discutidos pelo
Vereador Adeli Sell; o Projeto de Lei do Legislativo nº 89/97, discutido pelo
Vereador Carlos Garcia; o Projeto de Lei do Legislativo nº 111/97, discutido
pelos Vereadores Cyro Martini, Cláudio Sebenelo e Adeli Sell; os Projetos de
Lei do Legislativo nºs 115, 116, 119, 120, 121 e 118/97, este discutido pelo
Vereador Carlos Garcia; o Projeto de Resolução nº 21/97; o Projeto
de Lei do Executivo nº 27/97; em
3ª Sessão, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 61/94;
os Projetos de Lei do Legislativo nºs
99 e 117/97. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib, analisando
dados referentes à arrecadação do Município, criticou o fato do Executivo
Municipal não ter pago parte do décimo terceiro salário aos seus funcionários,
apesar de dispor de recursos para tal. O Vereador Carlos Garcia comentou sua
participação em reunião com o Sindicato Rural de Porto Alegre, onde foi
debatido o reassentamento de aproximadamente setecentas famílias, em área do
Bairro Vila Nova, e teceu considerações acerca das possíveis conseqüências
deste fato sobre a produção agrícola daquela área. O Vereador Eliseu Sabino
elogiou a iniciativa da Empresa Viação Teresópolis-Cavalhada, de implantação do
"Projeto Pescar", que visa auxiliar pessoas carentes oferecendo
aprendizado profissionalizante com posterior encaminhamento ao mercado de
trabalho. Na ocasião, o Senhor Presidente deferiu Requerimento verbal de
autoria do Vereador Adeli Sell, aditado pelo Vereador Fernando Záchia,
solicitando sejam encaminhadas cópias do pronunciamento do Vereador Eliseu
Sabino à Associação dos Transportadores de Passageiros - ATP e à Fundação de
Educação Social e Comunitária - FESC. Após, o Vereador Renato Guimarães
informou da ocorrência de desocupação de área próxima à Avenida Antônio de
Carvalho, com a presença da Brigada Militar e Polícia Civil, e solicitou a
formação de uma comissão constituída por Vereadores integrantes das Comissões
de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos e de Urbanização, Transportes e
Habitação, a fim de acompanhar os fatos no local, solicitação esta deferida
pelo Senhor Presidente. Ainda, os Vereadores João Dib e Renato Guimarães
manifestaram-se acerca de retirada de ocupantes ocorrida em área localizada na
Lomba do Pinheiro, a qual não foi acompanhada por este Legislativo. Em
continuidade, nos termos da alínea "f", § 1º do artigo 94 do
Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL à Vereadora Clênia
Maranhão, que fez um relato sobre a sua participação, representando esta Casa,
na V Conferência Internacional de Educação para Adultos, promovida pelo Fundo
das Nações Unidas para a Cultura, UNESCO, e realizada na cidade de Hamburgo,
Alemanha. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Anamaria Negroni retomou
pronunciamentos anteriores, relativos a problemas enfrentados pelos moradores
da Cidade de Deus, como deficiências no atendimento médico e necessidade de
instalação de telefone público, ressaltando que a Secretaria Municipal da Saúde
e a Companhia Riograndense de Telecomunicações já estão tomando as providências
necessárias quanto ao assunto. Lamentou o despejo ocorrido na Lomba do
Pinheiro, em virtude de Ação Civil Pública impetrada pela Procuradoria-Geral do
Município. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi
iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Décio
Schauren, aditado pelo Vereador Luiz Braz, solicitando alteração na ordem de
votação da matéria a ser apreciada. Após, foram aprovados os seguintes
Requerimentos: de nº 162/97 (Processo nº 2209/97 - solicita informações acerca
da situação jurídica da Escola de 1º Grau
Osvaldo Vergara), de autoria do Verea dor Décio Schauren; de nº 173/97 (Processo nº
2367/97 - Moção de Solidariedade ao Deputado Marcos Rolim, por suas posições
relativas à invasão do Plenário da Assembléia Legislativa), de autoria do
Vereador Luiz Braz, este por treze votos SIM, quatro votos NÃO e uma ABSTENÇÃO,
após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Luiz Braz,
Cláudio Sebenelo, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Reginaldo Pujol, em votação
nominal solicitada pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli
Sell, Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Hélio
Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Nereu
D'Ávila, Paulo Brum e Reginaldo Pujol, Não os Vereadores Elói Guimarães, Lauro
Hagemann, Pedro Américo Leal e Pedro Ruas, e optado pela Abstenção o Vereador
Gerson Almeida, com Declarações de Voto dos Vereadores Pedro Américo Leal,
Adeli Sell, Elói Guimarães e Nereu D'Ávila. Após, foi apregoado Requerimento do
Vereador João Motta, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no dia de
hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossada na Vereança a Suplente
Maristela Maffei, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de
Constituição e Justiça. Na ocasião, o Senhor Presidente lembrou que no dia
quatro de agosto do corrente encerra-se o prazo para a apresentação de emendas
à Lei de Diretrizes Orçamentárias e, às onze horas e vinte e nove minutos,
constatada a inexistência de "quorum", declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Clovis Ilgenfritz e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores
Paulo Brum, Guilherme Barbosa e Adeli Sell, este como Secretário "ad
hoc". Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim
e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Foi anunciado que haveria o
comparecimento de autoridades internacionais que estão participando do VII Foro
de São Paulo. Aguardamos a sua chegada a qualquer momento.
Passamos à
A Tribuna Popular foi
solicitada pela Associação Comunitária Passo D'Areia e a manifestação é sobre a
criação do Bairro Iguatemi. Duas pessoas vão falar sobre o assunto: o Sr.
Geraldo Bratkowiski, que é o Presidente da Associação, e a Sra. Marion Kruse
Nunes, que é Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Boa Vista. Eles
combinaram de dividir o tempo, ficando cada um com cinco minutos.
O Sr. Geraldo Bratkowiski,
representando a Associação Comunitária
Passo D' Areia, está com a palavra.
O SR. GERALDO
BRATKOWSKI:
Bom-dia, ilustres Srs. Presidente da Câmara, componentes da Mesa, Vereadores e
participantes da Tribuna Popular. A Associação Comunitária Passo D'Areia
completa 40 anos de atividades no dia 22 de setembro deste ano. O Bairro Passo
D'Areia tem como origem o Arroio D'Areia e seus afluentes, que se espraiavam
nas proximidades da Av. Assis Brasil e até a Várzea do rio Gravataí, por isso
formando o Passo D'Areia.
A Diretoria da Associação Comunitária Passo D'Areia, bem como
muitos dos moradores dessa comunidade não foram consultados para opinar sobre o
fracionamento do bairro, objetivando a criação do bairro denominado de
Iguatemi.
Porto Alegre é, hoje, conceituada como a capital de melhor
qualidade de vida no Brasil. Por isso, vem sendo alvo de investimentos na
construção civil e de disputas na especulação imobiliária.
A Lei 6766, de 19 de dezembro de 1979, que dispõe sobre o
parcelamento urbano, no cap. II, art. 4º, inc. I, cita que “as áreas
destinadas ao sistema de circulação, à implantação de equipamento urbano e
comunitário, bem como a espaços livres de uso público serão proporcionais
à densidade de ocupação prevista para a
gleba, ressalvando o disposto no § 1º deste artigo”. Cita, ainda, que “a
percentagem de áreas públicas prevista no inc. I deste artigo não poderá ser
inferior a 35% (trinta e cinco por cento) da gleba, salvo nos loteamentos
destinados ao uso industrial...”.
Pelo que dispõe a lei
citada, é uma temeridade das lideranças das comunidades fracionadas que o
objetivo maior da criação do novo bairro vise a atender a interesses de
especuladores imobiliários, diminuindo a área destinada ao Parque Alemanha ou
Parque Germânia e criando novas áreas para a edificação de imóveis, pois o novo
bairro, com dimensões menores, facilita a aplicação da lei citada.
Visto o que foi colocado,
pedimos a revogação da Lei 7975/97, e que os Srs. Vereadores aprovem o Projeto
de Lei do Legislativo nº 70/97, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, para que o
Bairro Passo D'Areia e os demais bairros envolvidos possam manter a integridade
dos seus limites. Desta forma, somos muito gratos.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Tivemos
apenas um tempo de 3min10seg. Então, agora o tempo será tempo de 6min51seg.
Está com a palavra a Sra. Marion Kruse Nunes.
A SRA. MARION
KRUSE NUNES:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou aqui representando não só a Associação
dos Moradores do Bairro Boa Vista, como
também a Associação dos Moradores dos Bairros Cristo Redentor e Vila
Ipiranga e ratificando o posicionamento dos moradores das Três Figueiras,
Chácara das Pedras e Vila Jardim com relação à criação do Bairro Iguatemi.
Lamento que o Ver. Isaac
Ainhorn não esteja presente, que é o autor da lei que institui a criação do
Bairro Iguatemi, pois quero colocar como fomos surpreendidos com essa lei.
Quando o Ver. Isaac Ainhorn elaborou o
Projeto e encaminhou à Câmara, foram consultados três bairros - Três Figueiras,
Vila Jardim e Chácara das Pedras - , justamente os que se localizam próximo ao
novo bairro, e esses moradores, através de sua entidade representativa,
negaram-se veementemente à criação do novo bairro. Nós, então, ficamos
tranqüilos, porque não nos afetaria. E a Câmara de Vereadores, não sei como,
aprovou esta lei, e acredito que os próprios Vereadores foram pegos de
surpresa. E fomos tomar conhecimento de que a lei tinha sido aprovada, quando,
após o Veto do Sr. Prefeito, voltou à Câmara com uma nova redação e com um novo redimensionamento do
que seria o bairro. Esse novo redimensionamento atingiria os bairros Boa Vista,
Vila Ipiranga, Cristo Redentor e Passo D'Areia. Gostaria, então, de dizer que
nenhum de nós havíamos sido consultados no primeiro encaminhamento, quando foi
promulgada a lei. Então, nós, as lideranças, nos mobilizamos e, para a nossa surpresa,
aí sim começou a mobilização de alguns Vereadores tentando colher um
abaixo-assinado para manter o bairro, o que não aconteceu na primeira votação.
A minha intenção aqui é mais
de sensibilizar os Srs. Vereadores para uma abordagem mais sociológica do que
representa a criação do Bairro Iguatemi e o retalhamento desses bairros que
serão atingidos.
Quando um cidadão escolhe um
espaço para morar, ele escolhe um que já exista alguma referência com a qual
ele se identifique, porque o bairro é um local onde se realizam as relações de
sociabilidade de uma comunidade. Essas relações de sociabilidade da comunidade
vão criar identidades, porque identidade, quando se perde, não se reconstrói.
As identidades vão sendo
criadas à medida que vão acontecendo as relações de sociabilidade. Quando uma
pessoa sai de um espaço e vai para outro, ela perdeu a identidade anterior, ela
vai construir uma nova identidade através das relações de sociabilidade dentro
dessa nova comunidade. Essas relações de comunidade e essa relação de
identidades que vão se formando serão as articuladoras de uma cultura própria
daquele espaço, daquele bairro.
Portanto, Porto Alegre é
feita de microrregiões culturais, ou seja, os bairros têm a sua cultura
própria. O que nós não queremos é que
as relações de sociabilidade e as identidades que, no decorrer do processo
histórico, criamos em nossa comunidade sejam quebradas agora pela implantação,
de cima para baixo, de um bairro que não leva o nome histórico da sua região,
porque nós temos outros centros comerciais que adquiriram, sim, o nome do local
onde se estabeleceram, como é o Shopping Cristal, o Shopping Praia de Belas, o
Shopping Assis Brasil, o Shopping Lindóia. O próprio Shopping Olaria tem esse
nome porque ali foi a primeira olaria de Porto Alegre. Agora, não impor aos
bairros limítrofes ao complexo industrial Iguatemi que nós sejamos obrigados a
aceitar um nome de um bairro imposto por um grupo empresarial que sequer é
gaúcho. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa entende que, cumprida a missão dos representantes da Associação
Comunitária Passo D’Areia e da Associação dos Moradores do Bairro Boa Vista, na
pessoa dos seus presidentes, Geraldo Bratkowski e da nossa amiga Marion Nunes,
queremos dizer a eles que esta matéria fica nos Anais e poderá fazer parte
anexa ao Projeto de Lei, que foi bastante polêmico. Queremos dizer, também, em
nome de esclarecimentos da Casa, que a lei foi discutida. Foram apresentados abaixo-assinados, em tempo
contestados pelo Ver. Juarez Pinheiro, que tem um trabalho intenso nesta área.
O Ver. Juarez Pinheiro sentiu que alguma coisa não estava bastante esclarecida
e fez sua colocação. Este Plenário está aberto, no nosso entender, para a
pedido da comunidade reestudar a votação, reestudar a questão com os Srs.
Vereadores.
Agradecemos a presença dos
representantes das associações. Vamos suspender por alguns minutos para as
despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos
às 9h29min.)
O SR.
PRESIDENTE (às 9h30min): Estão reabertos os
trabalhos. Temos a satisfação de dizer
que a Assessoria de Relações Públicas, coordenada interinamente pela Sra.
Luíza, está trazendo para entregar a todos os Srs. Vereadores a nova agenda
mensal da Câmara. Claro que ela está sujeita a modificações no caminho, mas já
temos comprometimento com os trabalhos internos e com entidades que solicitam à
Câmara espaço para trabalho. A agenda vai ser distribuída por algum tempo, mas
já está no computador - INTRANET. A rigor, não seria necessário divulgá-la por
cópia, mas achamos que poderíamos, por algum tempo, continuar a imprimi-la
porque é sempre bom ter um papel, porque é mais fácil de consultar. A agenda já
está em cores e com o formato do novo sistema de comunicação. Isso para nós é
muito importante. Temos que festejar quando acontece algo desse tipo. O Ver. Luiz Braz, que já foi Presidente da
Casa, sabe disso.
Passaremos à Pauta e logo
depois teremos um pronunciamento da Vera. Clênia Maranhão, que fará um relato
da sua viagem à Alemanha, de acordo com o art. 94 do Regimento.
Eu queria, também, enfatizar que, na última folha do espelho, antes das Atas, estão alguns recados. O primeiro é que hoje, às 11h30min, será feita a reinauguração do Memorial da Casa, na Avenida Clébio Sória - Avenida Cultural -, onde será distribuído um “folder”. Haverá distribuição de fotografias e coquetel para todos, motivo pelo qual tentaremos conduzir os trabalhos da presente Sessão até esse horário. Ontem, a Mesa autorizou essas questões todas. E também hoje, às 15h, comparecerão a esta Casa o Sr. Luiz Antônio de Xangô, da Sociedade Africana Ylê de Xangô Aganjú, acompanhado do Rei do Candomblé no Brasil - O Olnwô Pai Paiva, e sua esposa, em visita a esta Capital com a finalidade de outorgar ao Babalorixá Luiz de Xangô Aganjú a denominação religiosa de Oju Obá - Olho do Rio Xangô - Djina. E teremos, no dia 04, o Grande Expediente destinado a homenagear a Rádio Farroupilha, por uma solicitação da Vera. Tereza Franco. Também está prevista a visita de pessoas do VII Foro. Se vierem, a intenção da Mesa é de abrir a palavra para todos os líderes, aproveitando para se pronunciarem na reabertura dos trabalhos do segundo semestre da Casa.
Entramos no período de
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
2ª SESSÃO
PROC. 1238/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 063/97, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que proíbe a
realização de pesquisas e enquetes, junto a ocupantes de veículos em semáforos,
no Município de Porto Alegre. Com
Substitutivo nº 01.
PROC. 1434/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 089/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que dispõe sobre
a criação de um Museu do Desporto no Município de Porto Alegre. Com Substitutivo nº 01.
PROC. 1537/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 095/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que dispõe sobre
estacionamento ao longo do Arroio Dilúvio.
PROC. 1778/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 111/97, de autoria do Ver. Paulo Brum, que faculta a
colocação de sinalizadores físicos móveis (placas ou cones plásticos) nas
proximidades das escolas de 1º e 2º graus localizadas no Município de Porto
Alegre e dá outras providências.
PROC. 1842/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 115/97, de autoria da Verª. Sônia Santos, que institui a
Semana Municipal da Bíblia no Município de Porto Alegre. Com Emenda nº 01.
PROC. 1874/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 116/97, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que cria a
obrigatoriedade de divulgação de mensagens educativas em material impresso e
promocional do Município ou empreendimentos patrocinados.
PROC. 1897/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 118/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que dispõe sobre
a abertura de shows internacionais que ocorrerem no Município de Porto Alegre.
PROC. 1918/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 119/97, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que institui o
Dia Municipal do Síndico de Condomínios em Edificações no Município de Porto
Alegre e dá outras providências.
PROC. 1925/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 120/97, de autoria da Verª. Sônia Santos, que denomina
Praça Eunice Jacques um logradouro público localizado no Bairro Teresópolis.
PROC. 1935/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 121/97, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que concede o
título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Luiz Gerd Pasqualini.
PROC. 1947/97 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO Nº 021/97, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que altera a redação dos incisos I
dos artigos 147 e 148 da Resolução nº 1178, de 16 de julho de 1992, com as
alterações das Resoluções nºs 1232, de 25 de abril de 1994, e 1250, de 30 de
agosto de 1994, acrescentando-se parágrafo único em ambos (Regimento da Câmara
Municipal de Porto Alegre). (leitura de trecho da Bíblia no início das Sessões
Ordinárias)
PROC. 2004/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 027/97, que autoriza, na forma do art. 12, inciso I, da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, a permuta de próprio municipal situado na Rua Marcelo Gama, fundos do nº 478 da Rua Germano Petersen Júnior, por imóvel de particular localizado na Rua Marcelo Gama nº 1135.
3ª SESSÃO
PROC. 1031/94 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 061/94, de autoria da Verª. Maria do Rosário, que dispõe
sobre a criação de Comitês de Defesa da Criança e do Adolescente contra a
Agressão e Maus Tratos (CODAMA) nas escolas da rede municipal de ensino de
Porto Alegre.
PROC. 1878/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 117/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que autoriza o
Executivo Municipal a implantar faixa de segurança, semáforo e sonorizador em
frente ao portão de acesso às escolas do Município de Porto Alegre.
PROC. 1574/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 099/97, de autoria do Ver. Luiz Braz, que declara de
utilidade pública a Associação Cultural Beneficente Cônego Antônio das Mercês
(ASBECAM).
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. João Dib está com a palavra. Desiste. Com a palavra, o Ver. Cyro Martini.
O SR. CYRO
MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, retorno a esta tribuna para falar sobre uma
proposta que trata da sorte do trânsito, segurança, ordem, esses valores
todos implicados e pertinentes ao trânsito. Falar sobre isso para mim é motivo
de satisfação, porque é uma questão que me diz de perto há muitos anos.
Entretanto, embora tendo a proposta do
inteligente Ver. Paulo Brum, pelo Projeto de Lei nº 111/97, que faculta a
colocação de sinalizadores físicos móveis (placas ou cones plásticos) nas
proximidades das escolas de 1º e 2º graus localizadas no Município de Porto
Alegre, embora tenha, diante de mim, uma proposta do valor e da significação
desta, digo: as coisas que acontecem hoje no trânsito me entristecem. É triste porque vejo desde o nascimento esta
proposta de autarquização e tercerização do DETRAN como uma medida que viria
atropelar e passar por cima do interesse e do direito do cidadão. Agora a
sociedade está plenamente esclarecida. Até os meios de comunicação, como a RBS,
que relutava em entender o que nós achávamos errado, agora entendeu que nós
estávamos certos. Esse açodamento, essa precipitação agora está sendo
desmascarada. A autarquização do DETRAN
foi uma medida infeliz produzida por incompetentes cujo interesse é
desconhecido. Lamentavelmente, o Governo do Estado caiu em uma arapuca,
deixando-se levar por gente que, além de incompetente, tem outros interesses
que não são os do povo do Rio Grande. Quando nos referimos ao trânsito, falamos
em povo do Rio Grande, porque, no mínimo, aquele lá do fundo do campo é um
pedestre que transita lá no rincão, nas estradas e que pode ser atropelado por
algum carro.
Essa proposta do Ver. Paulo
Brum, que relaciona dois valores de extrema importância na área da
administração do trânsito - que são, de um lado, a educação para o trânsito e,
de outro, a segurança do trânsito -, é uma proposta excelente que deve ser
apanhada e aprovada por nós. Eu não diria que ela é absolutamente nova. O
DETRAN do Rio Grande do Sul, malfadado, espezinhado, cujos funcionários de hoje
e de ontem têm sua honra enxovalhada por gente que veio aqui buscar
não-sei-o-quê, sob a cumplicidade de governantes ineptos, incapazes e
incompetentes que elaboram um discurso e ficam tentando enganar o povo! Não se
engana a todos durante todo o tempo. É impossível. Essa frase foi dita por
Abraham Lincoln. Agora, essa frase está
tomando corpo. Parabéns ao Ver. Paulo Brum pela bela proposta. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Paulo Brum):
O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é de ficar pasmado de ver a facilidade com que o
Ver. Cyro Martini levanta essas acusações contra um projeto feito
cuidadosamente pelo Governo do Estado e como se o DETRAN fosse uma maravilha. O
DETRAN que, há 40 anos, como foi denunciado,
tem filas, que tem uma profunda
dificuldade de se conseguir documentos, como a Carteira de Habilitação; que
tinha gente, inclusive, que fazia cobrança das Carteiras de Habilitação; que
uma das coisas mais corruptas que existia na Polícia era o próprio DETRAN. Isso
tudo foi denunciado diversas vezes e comprovado publicamente que se vendiam
Carteiras de Habilitação.
O SR.
PRESIDENTE: Ver.
Cláudio Sebenelo, eu gostaria que V.Exa. se detivesse na Pauta, por favor.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO: Exatamente
na Pauta e no seu Projeto, porque ele faculta a colocação de sinalizadores
físicos móveis (placas ou cones plásticos) nas proximidades das escolas de 1º e
2º graus. O Ver. Cyro Martini esqueceu
de dizer que, com esta alteração no DETRAN, 1.800 funcionários passaram da área
burocrática para a área de ação policial, que hoje é muito mais fácil conseguir
carteira do DETRAN e que eventuais problemas de consecução de carteiras,
documentos e licenciamento de automóveis foram hoje, talvez pela má vontade que o Ver. Cyro Martini tem com o DETRAN,
discutidos, publicamente, pelo Ver. Antônio Britto, que não só pediu desculpas,
como disse que vai tomar providências para que a terceirização feita,
inclusive, não de empresas particulares, mas com o auxílio dos Correios e
Telégrafos, para entrega dessas carteiras e para recepção de documentos torne
hoje garantido um serviço moderno, eficiente. E, nos primeiros dias, é evidente
que ocorram problemas, que a sua mecânica de funcionamento esteja atrelada,
ainda, à antiga mecânica, que dava problemas. Inclusive, foi acusado de tantas
mazelas, e, quando se quer mudar para melhor, vem esse tipo de acusação
exclusivamente eleitoreira e fundada em um ganho secundário político, quando,
na verdade, quem vai ganhar é o povo, porque vai diminuir o número de acidentes
de trânsito, pois os exames médicos e psicológicos serão mais severos.
Por isso, Ver. Paulo Brum,
quero-me congratular com o seu Projeto porque ele não busca o ganho secundário
político em uma atitude que deveria ser elogiada por todos, ou seja, querer
mudar para melhor o funcionamento de um departamento de segurança do Rio Grande
do Sul que sempre foi tão criticado e mal atendido. Agora existe a tentativa,
de todas as maneiras, liberando inclusive recursos humanos, de atendimento
direto dos problemas, desde os de ordem policial até a correção dessas mazelas.
Uma das formas de corrigir é esta que o Sr. Ver. Paulo Brum faz, através de um
projeto, concedendo aos alunos e colégios esse alerta para grandes problemas
que já aconteceram em frente a escolas, inclusive com mortes de crianças.
Então, o Projeto me parece procedente, porém acho improcedente e infeliz a
intervenção do Ver. Cyro Martini. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Dib está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é desumano, profundamente desumano, ter remédio e
não fornecer ao doente, Dr. Sebenelo - V. Exa. sabe melhor do que eu isso. O
remédio, no caso, Dr. Sebenelo, é o dinheiro; o doente é o servidor público
municipal, que tem direito, na forma estatutária, a receber parte do décimo
terceiro salário no mês de julho, e a Administração Prefeitural, que se diz do
Partido dos Trabalhadores, não gosta dos trabalhadores, pois, se gostasse dos
trabalhadores, daria aos trabalhadores da Prefeitura a parte correspondente do
décimo terceiro salário no mês de julho, mas não faz isso. Não o faz tendo dinheiro, muito dinheiro -
portanto, muito remédio -, e continua deixando o servidor público municipal
pagar juros de 9, 10, 12, 20, 25% ao mês. Seria um ganho muito grande para o
servidor municipal se o Prefeito e o seu Secretário da Fazenda fizessem o
pagamento, que é justo, que todas as empresas que podem fazem - a Câmara fez, o
DMAE fez. Todas as empresas do País que podem o fazem para ajudar os seus
funcionários, mas o Partido dos Trabalhadores não gosta dos trabalhadores da
Prefeitura, pois, quando se trata dos trabalhadores dos empresários, dos
outros, aí eles pregam que tem que fazer e tem que acontecer. Tem que dar, tem
que pagar mais. Agora, o deles vai para o sistema financeiro. Mas nem disso
eles estão precisando. Vejam que o Orçamento da Prefeitura, a previsão de
receita para 97 era de 729 milhões, 218 mil e 737 reais. Em
30 de junho, haviam sido
realizados 385 milhões, 410 mil e 835 reais, equivalendo a 52,8% da receita
orçada. Vejam V. Exas. que já está
sobrando dinheiro. Em seis meses foi arrecadado mais da metade. O IPTU, por
exemplo, estava numa previsão de 61 milhões e 241 mil reais; já haviam sido arrecadados 44 milhões e 840
mil reais - 73,2% do previsto. E deve se dizer que a média de arrecadação do
IPTU de agora para frente há de ser, no mínimo, de três milhões de reais
mensais e, no mês de dezembro, deve superar os três milhões. Então, teremos uma arrecadação acima dos
previstos 61 milhões.
Quanto ao patrimonial da
Prefeitura, no Orçamento foi orçada uma arrecadação de 44 milhões de reais.
Esse patrimonial, basicamente, é aplicação financeira, e o dinheiro do décimo
terceiro salário está na aplicação
financeira, mas é tão pouca a aplicação financeira, que, dos 44 milhões, a Prefeitura
arrecadou cerca de oito, o que prova que poderia ter dado aos servidores
municipais, sem erro, sem abalo para as estruturas financeiras da Prefeitura, o
décimo terceiro salário no mês de julho.
Ainda pode ser que o
Vice-Prefeito - viajam muito; o Vice-Prefeito até está preso no aeroporto em
Nova Iorque -, chegando aqui, sinta a necessidade, já que respirou melhores
ares, melhor qualidade de vida, de dar o seu esforço para que os servidores
municipais recebam a metade do décimo terceiro salário no mês de agosto, já que
não foi no mês de julho.
O Vice-Prefeito está preso
no aeroporto por causa do tempo. É castigo, porque em 180 dias viajaram mais de
60. Isso não existe. E nós continuamos autorizando viagens!
Para o ICMS estava prevista uma arrecadação de 122 milhões de
reais. Já arrecadaram 63, e eu devo informar que, a partir de julho, a
arrecadação de ICMS cresce, e eles já arrecadaram 52%.
Portanto, Ver. Cláudio Sebenelo, não dão o remédio para o doente
porque são absolutamente maus, absolutamente insensíveis. E insensatos também.
Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS
GARCIA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, nessa quarta-feira, tivemos a oportunidade de ter
uma reunião com o Sindicato Rural de Porto Alegre, onde, mais uma vez, o
assunto tratado foi a possibilidade de reassentamento das 703 famílias na Vila
Nova e, mais uma vez, os produtores rurais daquela região manifestaram
preocupação com esse fato. Naquele local,
além de vários tipos de hortifrutigranjeiros, existe o cultivo do pêssego, pois
nossa Capital é o maior produtor de pêssego de mesa do Brasil.
Nós conclamamos todos os
Vereadores a participarem de uma reunião que vai se realizar no dia 9 de
agosto, às 14 horas, na residência do Sr. Antônio Bettil, que tem uma produção
em uma área de 16 hectares. Nessa
reunião, mais uma vez, os produtores rurais vão tentar colocar aos Vereadores o
porquê do descontentamento com a possibilidade
do reassentamento de 703 famílias naquele local.
O Sr. Antônio Bettil disse
que há mais de quinze anos ele é um dos principais fornecedores do Carrefour e
que, diariamente, mais de um caminhão leva hortifrutigranjeiros para a
CEASA. Além disso, ele quer mostrar “in
loco”, mais uma vez, aos Vereadores o porquê da importância da preservação
daquele local.
Nós já tivemos oportunidade
de manifestar a proposição de que aquela área possa ser, futuramente, uma área
rural. Entramos, também, como uma
emenda na LDO, pedindo assistência ao produtor rural, visando aprimorar a
qualidade da produção agropecuária e o incremento da produtividade, reativando
o denominado “cinturão verde”. Isso foi uma preocupação e proposta dos próprios
produtores, dizendo que, nesse “cinturão verde” e no centro agrícola, eram
feitas locações de máquinas, pois muitos deles têm dificuldade de comprar ou
locar máquinas. Através desse sistema, eles conseguiam locar implementos
agrícolas para aumentar a implantação de seus produtos.
Então, novamente, fazemos
este convite aos Srs. Vereadores para que, no dia 9 de agosto, possam estar lá
e sensibilizar novamente a Administração atual para que possamos reassentar
essas 703 famílias em outro local.
Desta forma, esperamos não ter que dizer, aqui desta tribuna, em curto
espaço de tempo, que Porto Alegre já não é um grande produtor rural e nem
produz tanto pêssego como até o presente momento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra em Comunicação de Líder, pelo PTB.
O SR. ELISEU
SABINO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, com satisfação usamos novamente essa tribuna e,
aproveitando o reinício das nossa sessões ordinárias, cumprimentamos todos os
colegas, já que ficamos um tempo sem
nos ver.
Este Vereador, preocupado
com a demanda de pessoas que estão desempregadas e que diariamente nos procuram
- e temos o conhecimento de que todos vivem a
mesma situação - , pessoas procurando recursos junto ao mercado de
trabalho, sente-se na responsabilidade de trazer a esta tribuna uma
manifestação de profundo reconhecimento à iniciativa da Empresa VTC, da Zona
Sul, Viação Teresópolis-Cavalhada, que implantou com sucesso o Projeto
Pescar. (Lê.) “Jovens concretizam o
sonho de especialização, treinados pela Viação Teresópolis-Cavalhada, empresa
que sempre teve a preocupação com o lado social.” Com liberdade posso falar, pois conheço o início do trabalho
daquela empresa, e hoje posso afirmar que a VTC vem, desde a sua fundação,
procurando manter um vínculo com a comunidade e, há muitos anos, vem colaborando, na região por ela servida,
através da participação dos seus funcionários, no auxílio a creches carentes,
fazendo entrega de alimentos, bem como cedendo seus ônibus a escolas e igrejas
para passeios e excursões, segundo declaração da direção da empresa a este
Vereador.
Tivemos o conhecimento
profundo do Projeto Pescar. Através da fundação do Projeto Pescar, esta direção
descobriu e encontrou mais uma maneira de auxiliar pessoas carentes. Foi,
então, aberto o centro de treinamento à comunidade, inaugurando a primeira
escola técnica do Projeto Pescar em transporte coletivo no Brasil em maio de 1996. O Projeto é voltado a jovens carentes com idade entre 14 e 18
anos, oferecendo a eles a oportunidade
de aprendizado profissional, com futuro encaminhamento ao mercado de trabalho.
Todo o curso se baseia no conhecido provérbio chinês: “Se queres matar a fome
de alguém, dê-lhe um peixe; se queres que ele nunca passe fome, ensina-o a
pescar”. É um provérbio simples,
conhecido, mas que traz uma realidade para todos aqueles que querem fazer o
bem.
O “Correio do Povo” publicou
a formatura de mais dois alunos da segunda turma do Projeto. Receberam os seus
diplomas de conclusão do curso, realizando, assim, um sonho que parecia impossível há algum tempo atrás. Este projeto
desenvolvido pela VTC junto às comunidades carentes, no bairro onde atua, tem a
sua significativa importância. Nos últimos seis meses, garotos com idade de 14 a 18 anos passaram o
turno da manhã recebendo aulas teóricas e, à tarde, ensinamentos práticos.
Fica aqui a nossa
manifestação de apoio à direção desta empresa, ao seu instrutor, Sr. Luís Antônio Terra, à psicóloga da empresa,
Dra. Maria Clara, e ao Diretor da VTC, Sr. Jean Vardaramatos, que é uma pessoa
preocupada com a profissionalização dos nossos jovens. Trazemos essa
manifestação à tribuna para que esse exemplo seja seguido por outras
empresas, para que, dessa forma, possamos, junto aos projetos já existentes, como o Núcleo de
Apoio Sócio-Familiar, promovido pela FESC,
Projeto Família, Projeto Sinal Verde, que funciona desde 1995, Projeto
MOVA e a própria Escola Padre João Calábria, que se preocupa com a
profissionalização dos nossos jovens que não têm condições, que são carentes, e
atende a essa clientela, que seja
seguido pelas demais empresas, não só da Zona Sul, não só do nosso Município, mas também do nosso Estado. Manifesto
mais uma vez a minha palavra de apoio e solidariedade à Viação
Teresópolis-Cavalhada. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ADELI
SELL (Requerimento): Nobre Presidente, eu pergunto a V. Exa. se é possível que nós
aprovemos que o pronunciamento feito pelo nobre Ver. Eliseu Sabino seja enviado
para a Associação dos Transportadores de Passageiros, já que ele mencionou uma
viação que faz um bom trabalho. Talvez, dessa maneira, nós possamos fazer com
que outras tenham essa mesma preocupação e essa mesma iniciativa.
O SR.
PRESIDENTE: O
próprio Vereador pode fazer isso. V. Exa. quer que a Câmara Municipal, através
da Mesa, encaminhe esse pronunciamento do Ver. Eliseu Sabino?
O SR. ADELI
SELL:
Gostaria, porque acho que o peso e o significado são diferentes.
O SR.
PRESIDENTE: Aceito
o seu Requerimento.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA: Eu
gostaria de fazer um adendo ao Requerimento do Ver. Adeli Sell. Além da ATP,
deveríamos enviar o pronunciamento também para a FESC, já que o Município quer
ser conhecedor dos bons exemplos dados na Capital.
O SR.
PRESIDENTE: Aceita
a sua solicitação. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, há três projetos em Pauta hoje que têm muito a ver
com a questão do trânsito na nossa Cidade. O primeiro deles, sobre o qual já me
manifestei, é o projeto do Ver. Pedro Américo Leal, que proíbe a realização de
pesquisas e enquetes junto a ocupantes de veículos em semáforos; o segundo, de
autoria do Ver. Carlos Garcia, que dispõe sobre estacionamento ao longo do
Arroio Dilúvio; e o terceiro, do Ver. Paulo Brum, que faculta a colocação de sinalizadores
físicos móveis (placas ou cones plásticos) nas proximidades as escolas de 1º e
2º graus localizadas no Município de Porto Alegre.
Caros colegas Vereadores,
nesta semana tivemos a oportunidade de ter aqui uma breve intervenção do
Deputado Federal Gilnei Viana, da Bancada do PT do Mato Grosso, que tem
trabalhado sistematicamente a questão do trânsito no Congresso Nacional e foi
um dos que mais colaborou para o projeto que entra em pauta no Congresso
Nacional, que é o novo Código Brasileiro de Trânsito. Chegando a Porto Alegre,
verificou que muito pouco se obedece às faixas para os pedestres e há falta de
sensibilidade para o uso do cinto de segurança.
A questão do trânsito, meus
caros colegas, é uma questão fundamental da cidadania. É preciso discutir sem
paixões, mas com responsabilidade e com maturidade o que significa o trânsito,
o estacionamento, a trafegabilidade e, fundamentalmente, a irresponsabilidade
de muitas pessoas no trânsito. Muitas vezes essa irresponsabilidade parte de
motoristas que deveriam ter suas carteiras cassadas pelas barbaridades e pelos
crimes que cometem no trânsito, mas também de pedestres que fazem o que não
podem fazer, porque não estão respeitando a sua cidadania e a dos outros. Isto
é: a cidadania tem dois pólos básicos, ou seja, é requerer, querer e demandar
aquilo que é justiça para sua parte, mas também respeitar a do outro. Portanto,
esses três projetos têm tudo a ver com essa questão do trânsito na Capital.
Temos, sem dúvida nenhuma,
Ver. João Carlos Nedel, um trânsito muito melhor que a maioria das capitais do
País, mas todos nós sabemos que nosso trânsito tem enormes problemas. Nós não
vamos proibir que as pessoas divulguem as suas atividades comerciais, ou até
que elas vendam algumas coisas no semáforo, porque essa é a nossa vida, pois as
pessoas precisam sobreviver. Eu sei que isso é perigoso, que isto também é um
problema. Nós iremos ajudá-los a resolver isso. A FESC fez o Projeto Sinal
Verde para retirar as crianças dos semáforos. É um elemento positivo e importante, minha cara Vera. Maria do Rosário, que tem
levantado tantas preocupações acerca dessa área, mas o Ver. Pedro Américo Leal
está correto ao proibir que se façam enquetes. Enquetes não se fazem em
semáforos.
Mas, meu caro Ver. Carlos
Garcia, já tive oportunidade de debater com V. Exa. sobre o estacionamento às
margens do Arroio Dilúvio, na Av. Ipiranga. Somos radicalmente contrários a sua
posição e queremos buscar soluções. É um problema grave, mas nós temos que
buscar outras soluções. Inclusive já fiz um requerimento à Administração para
saber quais os próprios públicos ao longo da Av. Ipiranga para que pudéssemos
discutir uma outra alternativa que não a que V. Exa. está propondo.
E, finalmente, parece-me
correto o Projeto do Ver. Paulo Brum, porque é na frente das escolas que há
mais perigo, e as crianças, às vezes, com suas brincadeiras, com sua
desatenção, têm sido as vítimas da loucura e da irresponsabilidade de
motoristas no trânsito da nossa Capital. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Renato Guimarães está com a palavra. Ausente. O Ver. Carlos Garcia está
com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CARLOS
GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós vamos
nos deter em dois Projetos de Lei da nossa autoria. O primeiro é relativo ao
Museu do Desporto no Município de Porto Alegre, e já tivemos a oportunidade de
falar inúmeras vezes - inclusive, tivemos reuniões com a Secretaria Municipal
de Esportes e Secretaria Municipal de Cultura. Achamos que é um momento
bastante significativo de tentar resgatar a história desportiva de Porto
Alegre, e a história desportiva de uma cidade está muito ligada ao povo. Dentro
desse princípio, nós, cada vez mais, estamos procurando coletar dados e
subsídios para que realmente a Cidade de Porto Alegre possa, daqui para a
frente, não perder a sua memória, como aconteceu com o desporto em Porto
Alegre. Só para ter um exemplo bem claro, no próximo ano, estaremos completando
35 anos do maior evento da América do Sul, que foi a Universíade, e hoje pouco
se sabe do que foi a Universíade. Então, a nossa idéia básica é tentar resgatar
isso.
Todos os segmentos do
desporto do Município estão envolvidos, estão empenhados. Nós, inclusive, já
entramos com uma proposição para que nesta Casa se faça uma exposição do
desporto e, ao mesmo tempo, possa se resgatar, porque temos certeza de que
inúmeros familiares têm em casa relíquias que, muitas vezes, não valorizam
porque desconhecem. Como último exemplo,
dentro da questão do Museu do Desporto, o Dr. Henrique Lichter, que é o
mentor desse museu - nós só estamos propondo, porque somos Vereadores e cabe ao
Legislativo propor a lei - mas o Dr.
Henrique, por exemplo, hoje detém no seu acervo a primeira medalha que o Brasil
conquistou nos jogos olímpicos em 1920, na Antuérpia, que é a medalha de prata
no tiro. Essa medalha, tenho certeza, conforme próprio depoimento do Dr.
Henrique, fará parte do acervo do Museu do Desporto em Porto Alegre.
O outro Projeto de Lei
também é relativo a shows internacionais que ocorrem no Município de Porto Alegre.
A proposição é bem simples: a de que
todos esses shows internacionais sejam precedidos de músicos locais. É uma
maneira de incentivar os nossos artistas.
O Sr. Adeli
Sell: V.
Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Isso ocorreu de uma forma
brilhante, por iniciativa do músico Bob Dylan, quando esteve em Porto Alegre e
chamou dois guitarristas de renome da nossa Cidade para abrir o seu show.
Inclusive foi muito comentado na imprensa. Isso é uma iniciativa interessante.
Eu me pergunto até que ponto conseguiremos legislar sobre o tema. Essa é a
minha dúvida.
O SR. CARLOS
GARCIA: Nós
tivemos esse cuidado, Vereador. Esse Projeto de Lei já existe como lei em
outras grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Estivemos em contato
com a Ordem dos Músicos, quando vários músicos de Porto Alegre deram total
apoio à nossa idéia. O que nós queremos, cada vez mais, é discutir com o meio
artístico e, ao mesmo tempo, tentar promover essas ações para que Porto Alegre
possa se tornar, realmente, um grande pólo cultural. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encerrado
o período de Pauta, concedemos Tempo Especial à Vera. Clênia Maranhão para que
faça o relato de sua viagem à Alemanha.
O SR. RENATO
GUIMARÃES (Solicitação): Sr. Presidente, recebemos, neste momento, a informação de que na
região da Antônio de Carvalho está havendo a desocupação de uma área ocupada
há, mais ou menos, 90 dias. Essa desocupação está ocorrendo com a presença da
Brigada Militar e da Polícia Civil, e, pelas informações que recebemos, não há,
lá, representação da Justiça. Nós queremos requerer à Casa que encaminhe uma
comissão de representação formada por integrantes da Comissão de Direitos
Humanos e da CUTHAB, para que essa comissão possa acompanhar o que está
ocorrendo lá. Eu me disponho a acompanhar a comissão representativa, porque
conheço o local onde está ocorrendo esse fato.
O SR. JOÃO DIB (Esclarecimento): Sr. Presidente,
eu gostaria de saber se, na retirada de moradores que ocupavam área da
Prefeitura na Lomba do Pinheiro, estava
uma comissão da Câmara acompanhando a Brigada Militar e se a Prefeitura está,
hoje, na Antônio de Carvalho.
O SR. RENATO
GUIMARÃES:
Sr. Presidente, para ajudar o Ver. João Dib: a área na Lomba do Pinheiro não é
da Prefeitura. E foi, de fato, um lapso desta Casa não ter, naquele momento,
requerido a formação de uma comissão para acompanhar aquele fato. Mas para esta
desocupação eu estou requerendo.
O SR.
PRESIDENTE:
O Sr. Vereador quer, então, sair em representação desta Casa?
O SR. RENATO
GUIMARÃES:
Eu requeri a formação de uma comissão com integrantes da Comissão de Direitos
Humanos e da CUTHAB, colocando-me, também, à disposição para acompanhá-la.
O SR.
PRESIDENTE:
Está concedido. Aguardamos os nomes dos Vereadores que irão compor a Comissão.
Com a palavra, a Vera.
Clênia Maranhão por dez minutos.
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, no período da Comissão Representativa acontece,
na Cidade de Hamburgo, Alemanha, patrocinada pela UNESCO, agência da ONU, com
apoio de diversas entidades internacionais, como a Comunidade Européia, a FAO,
a UNICEF, Banco Mundial e uma série de outras agências, a V CONFITEA,
Conferência Internacional de Educação para Adultos, um tema, inclusive, que
discutimos muito recentemente nesta Casa, quando da aprovação dos recursos para
o Projeto MOVA - portanto, um tema que está ainda em pauta, tendo em vista a
implantação, na Cidade de Porto Alegre, de um projeto de alfabetização de
adultos.
Havia feito a minha
inscrição prévia e dois dias antes, apenas, do início da Conferência recebi por
parte da UNESCO a confirmação da minha inscrição. Conversei com o Presidente da
Casa e foi trazida ao Plenário a possibilidade da minha participação em
representação oficial. Já havia recebido das entidades organizadoras a passagem
para participar do evento e a Comissão Representativa aprovou as diárias para
que eu pudesse estar presente num congresso de quatro dias, na Cidade de
Hamburgo.
A CONFITEA é uma conferência
da UNESCO que acontece a, aproximadamente, cada 12 anos. Tem o objetivo de
avaliar as políticas de alfabetização de adultos e de definir algumas atuações
que possam contribuir para a educação de adultos e sua inserção no mercado de
trabalho.
O Brasil teve uma
representação pequena de algumas
entidades, de alguns parlamentares e do Ministério da Educação, e a
Conferência, para o Brasil, teve um significado muito especial, porque foi
aprovada, por unanimidade, em uma atividade extraordinária que aconteceu no
período da noite, coordenada pelo próprio Presidente da UNESCO, uma homenagem
ao pedagogo brasileiro Paulo Freire. Ficou definida por todos os governantes,
os representantes das entidades não-governamentais e os políticos lá presentes,
a partir da V CONFITEA, que a próxima década é a Década Mundial de
Alfabetização de Adultos Paulo Freire. A presença do Brasil e a presença da
nossa Câmara, nesse momento, foi muito importante, porque houve um
reconhecimento dos esforços feitos pela sociedade brasileira e pelos vários
governos, em várias instâncias, em enfrentar a questão do analfabetismo e
enfrentar, também, uma política de formação de mão-de-obra para poder enfrentar
essa questão do desemprego, que é mundial.
A presença da América Latina
demarcou um campo em discussão completamente diferente das delegações
estrangeiras dos países europeus. Ela definiu sua política de educação para
adultos com uma reciclagem de mão-de-obra capaz de fazer com que os habitantes
daqueles países possam se adequar às novas tecnologias que mudam hoje no mundo
inteiro e com uma rapidez muito grande. Os países latino-americanos tinham uma
posição unitária de cobrar dos governos uma política de alfabetização de
adultos que contemplasse os conjuntos dos direitos dos cidadãos, mas que
tivesse a preocupação de enfrentar a questão do desemprego vinculado à questão
da miséria da maioria desses países.
Um terceiro bloco de posições políticas era marcado pelas
representações oficiais dos governos e dos representantes dos países árabes,
que defendiam que esta década fosse de educação para a paz. Essa Conferência
acontece desde o final da II Guerra Mundial e tem ocorrido exatamente em
momentos onde acontecem modificações muito fortes em nível tecnológico e
político nos países.
Eu fiz um breve relatório para os Srs. Vereadores onde procuro
resgatar a importância desse evento, a estrutura desse acontecimento, a
programação, que foi intensa, porque era um congresso muito curto, para
baratear o evento e poder ter uma participação maior dos países, e foi um
evento que contou com a participação de 1.800 pessoas e num plenário
completamente lotado, o que acontecia nos horários da manhã e da tarde, com
atividades ainda políticas e culturais no período da noite. Considero que a
nossa representação foi muito
importante, tendo em vista que, há alguns anos, a Constituição brasileira define para os Municípios e os Estados,
fundamentalmente os Municípios, e também reforçado pela última LDB, uma atuação muito concreta na área de
algumas políticas na área da educação e da saúde, e isso faz com que essas
discussões, que há algum tempo poderiam ter sido discussões muito distantes do
Município, hoje são muito afetas aos Executivos municipais e aos Legislativos
municipais.
Trouxe o Plano de Ação e o
compromisso que os países assinaram nessa Conferência, que diz respeito aos
Estados e Municípios. Há uma aprovação de um Plano de Ação e de uma Declaração
de Compromissos, da Conferência. Anexei todos esses documentos em todos os
relatórios para que os Vereadores possam, de posse deles, acompanhar as
definições políticas e as orientações que são traçadas para essa área. Trouxe,
também, um exemplar de todos os documentos que foram distribuídos na
Conferência, que é impossível tirar xerox para todos os Vereadores - é uma
quantidade muito grande. Estou encaminhando para o Presidente da Casa um
documento com todos esses livros, inclusive alguns livros de apoio que foram
utilizados na Conferência, para ser colocado na biblioteca da Casa, para que
possa ser utilizado pelo conjunto das bancadas. Isso, ainda, dizendo ao Ver.
Eliseu Sabino, nosso Presidente da Comissão de Educação, que vou levar à nossa
Comissão uma sugestão: que possamos, em um período mais longo, fazer um relato
dessa Conferência, tendo em vista a importância que ela tem na definição da
educação de adultos para a próxima década, para que possamos democratizar essas
informações e oferecer à Cidade de Porto Alegre esses documentos básicos que
norteiam a ação política dos países, dos quais o Brasil foi signatário e que
têm, evidentemente, uma influência interessante na nossa posição política como
Vereadores, quando formos votar os próximos projetos na área da educação de
adultos em Porto Alegre.
Agradeço aos Vereadores a
definição da participação da nossa Câmara e agradeço pela representação que me foi dada para esse
evento e quero dizer que eu tive a oportunidade de participar, no Brasil, de
vários eventos preparatórios, inclusive um que aconteceu em Porto Alegre, que
orientou a Conferência. Houve cinco eventos mundiais. O Brasil sediou cinco
grandes encontros. Porto Alegre foi a capital de um deles.
Tenho acompanhado e fui
autora de um projeto especial de alfabetização de adultos para a área das
mulheres, que foi uma experiência pioneira nacional que começou aqui e hoje
está implantada em vários Estados brasileiros, onde estamos definindo uma
política especial de alfabetização de mulheres, tendo em vista que as
mulheres são aquelas que têm
apresentado maior índice de abandono dos cursos. Foi a minha oportunidade de dar continuidade, de participar de um
evento que é a conseqüência de um trabalho local aqui desenvolvido. Muito
obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: A
Vera. Anamaria Negroni está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.
A SRA.
ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, tenho procurado ser, neste meu primeiro ano de mandato como
Vereadora de Porto Alegre, uma pessoa ponderada nas minhas ações e justa nas
críticas que faço. Sou por temperamento uma mulher ativa e guerreira. Gosto de
trabalhar e de me colocar, sempre que possível, ao lado dos mais necessitados e
carentes. Mas assim como sei criticar e reivindicar, sei elogiar e agradecer
quando vejo minhas críticas reconhecidas e meus pedidos atendidos. É o que faço
nesta manhã.
Na semana passada, levantei
aqui, nesta tribuna, a grave situação vivida pelos moradores - cerca de duas
mil e 300 pessoas - da Cidade de Deus. Denunciei o descaso da Administração
Municipal para com o atendimento médico daquelas pessoas que contam com uma
única médica no posto de saúde local e que, logicamente, não consegue atender
as necessidades dos moradores daquela comunidade. Anunciei, também, o encaminhamento de uma Indicação ao Sr. Governador
do Estado, solicitando a instalação de um orelhão junto ao posto de saúde, já
que lá não há telefone público. Pois tenho a satisfação de informar que, na
tarde de ontem, representantes da Secretaria
Municipal da Saúde estiveram na Cidade de Deus tomando conhecimento dos
problemas e prometendo uma solução. Ao mesmo tempo, técnicos da CRT também lá
estiveram tratando da instalação imediata do orelhão no local solicitado. É com
imensa satisfação, caros colegas, que
faço este registro, pois entendo que o atendimento das necessidades da
população deve estar sempre acima das questões políticas, devendo ser
prioridade independentemente da bandeira daquele que o reivindica. Parabéns ao
Sr. Secretário Municipal da Saúde e meus sinceros agradecimentos ao Sr.
Governador Antônio Britto pela maneira especial com que atendeu as nossas
reivindicações.
Por outro lado, Sr.
Presidente, sou obrigada a lamentar mais um despejo, resultante de uma ação
cível pública impetrada pela Procuradoria-Geral do Município. Este se iniciou
às 7 horas da última quarta-feira, e cerca de 160 famílias foram despejadas
daquela área da parada 18 da Lomba do Pinheiro.
Estive lá na tarde de
quarta-feira e pude constatar o desespero e a angústia daquelas famílias
retiradas das suas casas, casas que foram destruídas por funcionários da SMOV,
todos sob a proteção da Polícia de Choque e da Brigada Militar, que lá se
encontravam no estrito cumprimento do dever legal, já que o mandado de desocupação de posse da Sra. Oficial de
Justiça contemplava a convocação da Brigada Militar e Polícia de Choque para
acompanhamento dos trabalhos de desocupação.
Anuncio que desde
quarta-feira estou tentando juridicamente reverter a situação na busca de uma
solução que atenda às necessidades daquelas famílias, famílias que hão de
encontrar um lugar para morar, pois, como afirmam os militantes do PT, bem como
os movimentos populares a eles ligados, são os chamados excluídos, os sem-teto.
Pois esses cidadãos, a partir da ordem de despejo, fruto da ação da Administração
do PT, passaram a ser ainda mais excluídos e, literalmente, sem-teto.
Agora, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vejam como funciona a
prática petista de iludir a opinião pública: ao mesmo tempo em que 160 famílias
eram despejadas e tinham seus casebres demolidos por ordem da Administração do
Partido dos Trabalhadores, instalados
num terreno vazio da Lomba do Pinheiro, o Sr. João Pedro Stédile, a quem alguns
queriam agraciar com o título de Cidadão de Porto Alegre, declarava, em
solenidade acontecida no auditório do CPERS/Sindicato, a seguinte frase: “Se o
Governo não vai resolver o problema dos excluídos, os sem-teto têm que se
organizar e ocupar terrenos vazios”.
Assim, fica difícil
entender e conviver com o modo petista
de atuar. O que é bom para os sem-teto do Sr. Stédile e de seus seguidores,
oportunistas de plantão, não serve para
as famílias da Lomba do Pinheiro, despejadas de um terreno vazio que, segundo o
Governo do PT, foi invadido, e não ocupado, há dois meses. É bom relembrar que
o PT sempre usa dois pesos e duas medidas. Conjuga o verbo “ocupar” quando invade e,
quando é invadido terreno de sua Administração, conjuga o verbo
“invadir” em todos os seus modos e tempos. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz) Gostaria de me desculpar pelas ausências devido ao
acúmulo de problemas administrativos.
Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
O SR. DÉCIO
SCHAUREN (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que o Projeto de Lei do Legislativo nº 152/96, de minha iniciativa, da folha 09,
seja votado em último lugar.
O SR. LUIZ
BRAZ (Requerimento): Sr. Presidente, solicito que os Requerimentos sejam votados em
primeiro lugar.
O SR.
PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento de autoria do Ver. Décio Schauren, aditado pelo Ver.
Luiz Braz, para que se vote, em primeiro lugar, os Requerimentos e, após, na
votação dos Projetos, o Projeto da folha 09 seja o último a ser votado.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos aos Requerimentos.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento de autoria de
Luiz Braz. Requer uma Moção de Solidariedade para com o Deputado Marcos Rolim
por ter contribuído para resolver o problema da invasão do Plenário da
Assembléia Legislativa.
O SR.
PRESIDENTE:
Em votação. (Pausa.) Encaminhamentos. Estão inscritos para encaminhar os
Vereadores Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Cláudio Sebenelo e Pedro Américo Leal.
Está com a palavra o Ver.
Juarez Pinheiro para encaminhar.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, na verdade, temos hoje na pauta da Ordem do Dia
projetos de grande importância para esta Cidade, como, por exemplo, a análise
de projetos propostos pelo Ver. Reginaldo Pujol que repercutem profundamente na
vida dos cidadãos desta Cidade. O Ver.
Luiz Braz esteve tergiversando e, buscando gerar cizânia entre as pessoas que
defendem uma sociedade com mais justiça
social e que não concordam com a ordem vigente em nível mundial, nacional e neste
Estado, propõe este Requerimento, que
é bastante oportuno.
Falo aqui, com a
responsabilidade do meu mandato, como já o fiz em Comunicações, que é uma
irresponsabilidade, é uma primariedade, pois não se justifica analisar atitudes
e posturas de homens públicos - refiro-me às Deputadas Luciana Genro e Jussara
Cony e à Vera. Maria do Rosário -, analisar os fatos acontecidos por ocasião da
Convocação Extraordinária da Assembléia Legislativa, em alguns jornais desta
Cidade, de uma forma descontextualizada. É impossível que venhamos a avaliar os
fatos acontecidos se não for avaliada, Ver. Pedro Américo Leal, a conjuntura da
ordem vigente em nível nacional, dos efeitos do neoliberalismo, do Governo
Federal e do Governo Estadual.
Nós temos claro que o
Plenário de qualquer casa legislativa é
um sacrário, é um local que nós, que defendemos o regime democrático,
temos que preservar. Deixamos isso muito claro. Também entendemos que o maior
baderneiro é aquele que não cumpre a ordem e que a ordem está estabelecida na
lei. Neste sentido, o maior baderneiro, em nível federal, é aquele que vem
legislando através de medidas provisórias e rasgando a Constituição Federal.
Neste Estado, o maior
baderneiro é aquele que não vem cumprindo as leis salariais, é aquele que não
cumpre e não respeita o Regimento da
Assembléia Legislativa, que deixa claro que um projeto de tal jaez precisa e
deve ser apreciado pelas Comissões Permanentes da Casa.
Uma casa legislativa - não é
o caso desta Câmara - se submete de uma
maneira servil, denegrindo o Parlamento deste Estado e deste País, porque
aceita a hipertrofia do Poder Executivo de uma forma exagerada e inteiramente
submissa. Nesse caso, cabem reações daqueles que vêem o patrimônio público, que
foi amealhado, conquistado com suor e sangue de mais de três gerações de gaúchos...
Dois dias depois que foi aprovada a Lei Geral de Telecomunicações, sancionada
pelo Presidente da República, o Governo do Estado encaminha à Assembléia
Legislativa um projeto para vender totalmente as ações da CRT. Não contente com
isso, provoca o movimento social pedindo preferência para votar projeto de tão
grande responsabilidade e contrário aos interesses dos gaúchos.
Nesse sentido, Srs.
Vereadores, com a Assembléia dessa forma submetida ao Poder Executivo, servindo
de mero despachante para que as propostas do Poder Executivo sejam homologadas,
não cabia outra alternativa ao movimento social de dizer, em nome dos gaúchos,
que esse não é o Parlamento que foi construído por figuras ilustres de todo
espectro ideológico - de direita, de esquerda, de centro - ao longo dos anos.
Pessoas que passaram - e lembro alguns, hoje Deputados Federais, tais como
Jarbas Lima, Ruy Carlos Ostermann, do PMDB; lembro do Dep. Rietzel, já
falecido, também do PMDB -, que honraram as tradições do Parlamento gaúcho. E hoje
nós vemos que esse Parlamento está completamente submetido a esse “yuppie” da
política nacional chamado Antônio Britto.
Nesse sentido, esta
iniciativa do Ver. Luiz Braz, de tentar de uma forma rebaixar esse debate, nós
queremos rechaçar e dizer que nós queremos votar, sim, em prol de preservar o
Parlamento na sua inteireza, na sua dignidade, e não que essas atitudes
submissas, como ocorreu por votação do Projeto da CRT, sejam louvadas por este
Plenário. Nós votamos a favor de todos aqueles que preservam a dignidade do
Poder Executivo. O Dep. Rolim é um desses e a Deputada. Luciana Genro também é.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, jamais pensei em fazer com que esta discussão
passasse para uma forma rebaixada, principalmente quando ela se dá neste
Plenário de Câmara Legislativa, um santuário que eu, realmente, respeito muito.
Quero ler o texto da Moção.
Solicitei ao Ver. João Dib para que fosse retirada uma frase que foi incluída
na Moção a pedido do Vereador para que a Moção possa ser votada e aprovada por
unanimidade deste Plenário a fim de que possamos homenagear uma figura que, no
momento de agitação, teve a cabeça fria e teve, na verdade, muita força, muita
energia para ajudar, mesmo contrário, naquele momento, a uma facção do seu
partido, a controlar a situação antidemocrática que se impunha na Assembléia
Legislativa.
Fazemos o texto assim:
“Moção de Solidariedade ao
Dep. Marcos Rolim que, com suas atitudes conscientes e democráticas, conseguiu
contribuir para resolver o problema da invasão do Plenário da Assembléia
Legislativa, ocasião em que a democracia sofria um ataque duro e perverso.”
E colocamos, na
Justificativa, que todas as atitudes que contribuem para o fortalecimento da
democracia devem ser saudadas da maneira mais efusiva possível.
Ora, não vejo onde estou rebaixando esta discussão. Eu pensei,
inclusive, que o PT iria ficar contente com a iniciativa deste Vereador, que
propunha para um dos seus membros uma manifestação elogiosa desta Casa. O
instrumento que esta Casa tem para manifestar o seu júbilo, a sua solidariedade
é exatamente através deste tipo de moção. Conversando com alguns Vereadores, chegamos à conclusão de que esta Moção de
Solidariedade era necessária. Eu achei que ela nem fosse discutida por tantos
Vereadores, como vejo inscritos na pauta de discussão. Pensava que ela seria
aprovada de maneira pacífica, tranqüila, mas vejo que a Liderança do Partido
dos Trabalhadores vem a esta tribuna, e me pareceu, porque não foi conclusivo,
que iria votar contrariamente.
É uma pena que a Bancada do
PT siga o encaminhamento do Ver. Juarez Pinheiro e vote contra o Deputado
Marcos Rolim. Todos nós, na verdade, gostaríamos que não apenas a Bancada do PT
votasse em solidariedade às atitudes do Deputado Marcos Rolim, mas que todos
desta Casa pudessem aprovar esta Moção de Solidariedade. É uma solidariedade a
um ato de um Deputado que manifestou, através de suas atitudes na Assembléia
Legislativa, que é um grande defensor da democracia. Afinal de contas, nós, que
somos Vereadores deste Parlamento, temos a obrigação de defendermos a
democracia.
Nós solicitamos que esta
Moção não receba a adjetivação dada pelo Ver. Juarez Pinheiro, de que é uma
forma rebaixada de nós discutirmos esse assunto, mas que ela, na verdade, seja
considerada por esta Casa uma forma elevada de defendermos os princípios
democráticos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Para encaminhar, tem a palavra o Ver. Cláudio Sebenelo.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvimos estarrecidos a linguagem usada pelo
brilhante Ver. Juarez Pinheiro, chamando o Governador do Estado de “baderneiro”,
dizendo que o Presidente Fernando Henrique é um “baderneiro” que usa medidas
provisórias, esquecendo-se que o Parlamento tem que votar essas medidas
provisórias em trinta dias, e não vota.
O SR.
PRESIDENTE: Solicitamos
silêncio aos Srs. Vereadores.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO: Diz
o Ver. Juarez Pinheiro que o Governador não cumpre leis salariais, quando
ouvimos a manifestação do preclaro Ver. João Dib, falando sobre a negativa da
Prefeitura em adiantar o 13º salário a seus funcionários, prática usual, corriqueira
e legal. A Prefeitura tem o remédio e não o prescreve.
A Prefeitura Municipal de
Porto Alegre e o PT publicam hoje, no “Correio do Povo”, que o “PT sempre lutou
pela democracia e faz parte da sua origem; pratica internamente, defende e exerce a democracia em todos os lugares
em que está presente”. O Ver. Juarez Pinheiro, como sempre brilhante em seus
argumentos, esqueceu essa democracia e disse que não havia outra alternativa e
não ser invadir o Plenário da Assembléia, o que não é verdade, porque democracia
implica, fundamentalmente, não conforme com a decisão de uma Assembléia
Legislativa, imediata entrada na Justiça, com documento hábil pedindo para que
a Justiça julgue o impasse. Essa é a postura democrática. Jamais a força do
argumento trocada pelo argumento da força, Ver. Juarez Pinheiro. É
indiscutível.
É fundamental esclarecer que
esse patrimônio do Estado, a CRT - e o PT é tão desprendido de propriedades e
de patrimônios -, é um patrimônio privado também, porque muitas pessoas
associadas à CRT têm o capital privado junto. Então, eu não vejo por que esse
absurdo de projetar nos governadores essa baderna e esse absurdo que foi feito
contra o Legislativo e que é insustentável num momento democrático. Inclusive,
hoje de manhã, o próprio Líder do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que não
concordava com aquela atitude, porque essa democracia que foi sendo construída
no Brasil com um esforço imenso e com o sacrifício de muitas vidas ao longo de
20 anos de arbítrio, agora ela vai ser vulnerabilizada por esse tipo de
postura. Tem que ter a mais veemente repulsa por parte da sociedade brasileira,
que é uma sociedade democrática, que quer trabalhar, que quer produzir, que
quer progredir e que vai progredir, independente das aves de mau agouro do PT que
querem, cada vez mais, como oposição incompetente que são, por perda de seu
discurso, projetar na figura dos governantes a sua própria incompetência,
exatamente quando nós vemos hoje, buscando promoção pessoal, um líder do
Movimento dos Sem-Terra mandando invadir e saquear os supermercados. Ora, isso
é um desserviço que está sendo feito à Nação, pois é insustentável este tipo de
pedido.
Acho que nós estamos nos
esquecendo de que este País precisa mais de trabalho, de paz, e de um pouco
mais de clarividência do que esse discurso vulgar da oposição. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Pedro Américo Leal, para
encaminhar.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Rio
Grande do Sul não merecia isto.
É um Estado político por excelência. Mas esta estátua, este monumento que foi
mentalmente erguido, através dos tempos até,
por este homem, este cidadão, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores
Telefônicos, Jurandir Leite, há de ecoar veementemente contra a pujança política deste Estado. Não há o
que recorrer. Não existe requerimento, prezado Ver. Luiz Braz, que possa
apagar, que possa fazer esmaecer esta imagem que ficou praticamente inoculada
neste Estado, marcada! O Rio Grande teve o seu Plenário invadido, a sua Casa
democrática. Como vamos explicar isso? Invadam supermercados, invadam escolas,
invadam terrenos. São os conselhos que dá o Sr. João Pedro Stédile, sem
ressonância nenhuma. Mas, todavia, a invasão da Casa Legislativa, que está no
sopé do morro, nos atinge a todos. Não
vamos fingir que isso ficou praticamente despercebido. Não, isso ficou marcado
para o Rio Grande, e o Rio Grande não merecia. Vamos tentar explicar, não
encontramos explicações e nem argumentos necessários para justificar esta invasão
do Plenário.
Fui Deputado 16 anos.
Fiz a sugestão, em projeto, para que
colocassem vidros inquebráveis para separar as galerias do Plenário. Devem
estar-se lembrando deste fato. Já vi nos jornais que foi cogitada essa
possibilidade, mas de nada adianta, porque quebraram-se os vidros, invadiram o
Plenário e atentaram contra a democracia.
Eu não estou conforme com o
seu Requerimento, Ver. Luiz Braz, porque não confio em Marcos Rolim. E digo
aqui da tribuna. Este homem me apresentou uma queixa-crime de um debate que
tive na televisão no momento em que eu disputava uma vaga de Deputado
Estadual. Hoje sou o segundo suplente. Eu não acredito nele. Não acredito na
sinceridade de gesto desse homem. Tomo esta posição aqui porque sou frontal.
Não gosto desse Deputado, por isso não assino o seu Requerimento. E disse a V.
Exa.: não assino o seu Requerimento porque partiu do Dep. Marcos Rolim, que
merece o meu descaso. Não tenho um exemplo semelhante - após um debate,
apresentar uma queixa-crime no Ministério Público, no momento em que eu
disputava uma cadeira, como ele, na Assembléia Legislativa do Estado!
Por isto, Ver. Luiz Braz,
pela consideração que tenho por V. Exa., e também por todos os meus colegas
aqui dentro, quero justificar a veemente posição que tomo: não assino porque
não creio na sinceridade dele. É demagógica a posição. Do outro lado, está a
Deputada Luciana Genro. Não meço nem avalio as posições, apenas o que vem desse
Deputado não me merece confiança e nem respeito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para
encaminhar.
O SR. PEDRO
RUAS: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, quero, inicialmente, agradecer à Liderança da
Bancada, na pessoa do Ver. Nereu D'Ávila, e dizer, em esclarecimento, que a
posição do próprio Líder, assim como a posição do Ver. Isaac Ainhorn - não sei
ainda a posição do Ver. Elói Guimarães, porque não o consultei - não estão
expressas neste encaminhamento. Mas, sem dúvida, o Ver. Elói fará alguma
manifestação, dará algum sinal. O que importa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores
e, respeitosamente, Ver. Luiz Braz,
colega e amigo, é que este não é o foro
adequado para elogios ou críticas com relação ao episódio da Assembléia, por
meio de moção.
O Dep. Marcos Rolim exerceu
um direito como outros Deputados exerceram, arcando com as conseqüências. Os
Deputados que têm sido criticados por terem estado junto quando do episódio da
Assembléia têm uma instância adequada de avaliação do seu procedimento. E o
Dep. Rolim e outros que criticam aquele comportamento também têm instâncias
adequadas de julgamento: a opinião pública e os seus partidos. Acredito,
portanto, Ver. Luiz Braz, que não há como votar favoravelmente à moção que V.
Exa. apresenta, mesmo entendendo que ela tem motivos políticos - e esta é uma
Casa política importante -, mas acredito, também, e fundamentalmente, que o
Dep. Marcos Rolim não fez nada mais do que seria a sua obrigação e nada mais do
que fizeram os demais Deputados, de forma diferente.
Portanto, o Dep. Marcos Rolim, com o respeito que também me
merece, com relação àquele episódio, não merece qualquer destaque, qualquer
homenagem, qualquer moção de apoio, porque o seu trabalho foi absolutamente
comum, corriqueiro, igual ao dos demais Deputados, de um ou de outro lado.
Em função disso, com
respeito ao autor da Moção e com respeito ao Deputado homenageado, entendo que
a Moção não deve ser aprovada. Encaminho voto contrário à sua aprovação, com a
ressalva que fiz dos votos dos Vereadores Isaac Ainhorn e Nereu D'Ávila, e
entendo, finalmente, que a Câmara não deve aprovar esse tipo de moção, porque
ela não é adequada ao momento e à circunstância que discutimos aqui, no dia de
hoje. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Para encaminhar, com a palavra
o Ver. Reginaldo Pujol.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
O Ver. Luiz Braz, Líder do PTB na Casa, enseja, na reabertura dos
trabalhos legislativos da Casa, a discussão sobre um tema que, lamentavelmente,
tomou conta do noticiário da Cidade, do Estado e, por que não?, do País, com
aquele insólito acontecimento patrocinado por alguns parlamentares, de que foi
palco a Casa do Povo na ocasião em que,
convocada extraordinariamente, debatia, discutia e decidia sobre projetos de
sua inteira competência.
Em verdade, tinha pensado,
Ver. Luiz Braz, em uma manifestação a respeito daqueles episódios. E não
endereçava aplausos ao Ver. Marcos Rolim, que não se conforma com a postura de
alguns colegas seus de representação política e de representação
político-partidária. Tinha pensado, Ver. Pedro Américo Leal, muito mais de que
uma moção de aplauso ou de solidariedade ao Dep. Marcos Rolim. Cogitava em
convocar esta Casa a uma manifestação de aplauso ao Presidente da Assembléia
Legislativa do Estado, até porque farei esse aplauso, por se tratar de um cidadão que não pertence a minha grei
política e que, neste episódio, foi, indiscutivelmente, Ver. Luiz Braz,
sensato, equilibrado, tranqüilo, dando uma demonstração competente – ele, o
Dep. João Luiz Vargas - da sua condição e qualificação para o exercício da
Chefia do Poder Legislativo do Estado.
E não obstante, Sr.
Presidente, o que se discute, e não posso me afastar do objeto da discussão, é
a proposta do Ver. Luiz Braz, que se insere no conjunto das manifestações que a
sociedade gaúcha está produzindo nesta hora
em face do inusitado acontecimento,
quando vemos o Plenário do Parlamento do Rio Grande ser invadido com a
produção de atos e com ocorrência de cenas inimagináveis na história política
do Estado. Então, Ver. Pedro Américo Leal, não posso me somar em gênero, número
e grau com V. Exa quando se refere à figura do objeto da homenagem pretendida
pelo Ver. Luiz Braz. Mas eu poderia e deveria, ad cautela, precatar-me com essas posições rigorosamente
oportunistas que ocorrem aqui e acolá como que numa manobra para se mostrar à
opinião pública do Estado que não existe a unanimidade de uma facção política
do Estado na concordância com essa diatribe que ocorreu no Parlamento gaúcho.
Ora, Ver. João Dib, eu quis
ser elegante na colocação dos termos, porque não quero falar em bagunça, em
baderna, em tudo aquilo que é de negativo, de pouco recomendável e, sobretudo,
de nulo que aconteceu no Legislativo do Estado do Rio Grande do Sul. Eu tenho
tido o cuidado de usar expressões mais finas para falar de um acontecimento
desagradável para o processo político do Estado e para o processo democrático
como um todo. Inobstante, Sr. Presidente, e diante da circunstância de que o
Ver. Luiz Braz nos provoca para nos manifestar sobre a situação, eu venho à
tribuna para dizer que até mesmo o Dep. Marcos Rolim, que me parece que toma
uma posição oportunista no caso, merece o meu aplauso, porque, se por qualquer
motivo alguém defende o Legislativo, esse motivo para mim já é suficiente para
aplaudi-lo, ainda que ele não esteja sendo honesto na sua posição, ainda que
esteja fazendo um jogo de cena, um jogo político.
Por mais relevante que seja
o motivo, não se permite alguém atacar, agredir, sobretudo procurar inutilizar
a capacidade da democracia representativa externada nos parlamentos
constituídos legitimamente com a soberania do voto popular. Por essa razão, eu
irei acompanhar V. Exa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Clovis Ilgenfritz): Em votação Requerimento de Moção de Solidariedade proposta pelo Ver.
Luiz Braz ao Dep. Marcos Rolim. A votação será nominal por solicitação do Ver.
João Dib. (Após chamada.) APROVADO por 13 votos SIM, 04 NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Solicito que
o Sr. Secretário leia as Declarações de
Voto.
O SR.
SECRETÁRIO: Declaração de Voto do Ver. Pedro Américo
Leal: (Lê.)
“Voto ‘não’ por não
acreditar na sinceridade do Dep. Marcos Rolim. É por demais eivada de
oportunismo demagógico, o que empana ainda mais a evocação do triste e
lamentável incidente político.”
Declaração de Voto do Ver.
Adeli Sell: (Lê.)
“Votei favorável à
Moção de Solidariedade proposta pelo
Ver. Luiz Braz no entendimento de que sua intenção tenha sido a de contribuir
por uma visão de respeito à autonomia dos Poderes na busca de tranqüilidade,
paz e harmonia, apesar do clima de
descontentamento da população em relação às políticas do Governo do Estado.
Votei favorável por não acreditar que a intenção do Vereador proponente seja a
de criar constrangimento aos petistas desta Casa, haja vista visões
diferenciadas sobre o tema em pauta.”
Declaração de Voto do Ver.
Elói Guimarães: (Lê.)
“Tenho posição contrária à invasão do Plenário da Assembléia Legislativa; todavia, homenagear-se declaração óbvia, partindo de Deputado, se me afigura dispensável, desproporcional, carecedora de densidade a justificar.”
Declaração de Voto do Ver. Nereu D’Ávila: (Lê.)
“Independentemente do Dep. Marcos Rolim, voto a favor da Moção porque ela representa o princípio da “intangibilidade do Plenário”, sacrário sagrado de trabalho dos parlamentares de qualquer nível, chancelados pela outorga popular. Se fosse dado igual tratamento ao Poder Judiciário, no local das decisões dos desembargadores, teria posição igual, lastreado no mesmo princípio. Daí a razão de meu voto.”
(Obs.: Foi aprovado, ainda,
Requerimento 162/97, conforme consta da Ata.)
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. João Motta solicita
licença para tratamento de saúde no dia de hoje.
(Obs.: Foi apregoado
Requerimento de licença do Ver. João Motta e dada posse à Suplente, conforme
consta da Ata.)
Nos aproximamos do horário
que tínhamos previsto para reinaugurar o nosso Memorial, reestruturado com
novas pessoas, embora tenhamos que fazer referência a quem lutou pelo Memorial
anteriormente, com muita garra, que é a funcionária Nara Jurkfitz, que agora
está sendo substituída pela funcionária Elizabete dos Santos e também pelo
Jorge Alberto Barcellos. São dois funcionários que estão fazendo um trabalho muito
interessante de montagem de um verdadeiro memorial da Casa. E o que nós vamos
ver agora é uma exposição preparada - que eles avisam que não é completa -, que
foi fruto de uma pesquisa bastante interessante, aprofundada, com historiadores
e pessoas dedicadas a essa questão da história da nossa Cidade, onde a Câmara
tem um papel importante com seus 224 anos. Às 11h30min tínhamos pensado em
fazer isso.
Convidamos todos os
Vereadores e funcionários para a reinauguração do nosso Memorial. Vamos
distribuir em breve uma programação da Semana da Câmara em função do
aniversário no início do mês que vem.
O Vereador Presidente da
Comissão de Orçamento e Finanças da Casa, Ver. Pedro Ruas, faz questão de
avisar, mais uma vez, aos Srs. Vereadores que o prazo para a entrega de emendas
à LDO é até dia 04.
Está encerrada a Sessão.
(Encerra-se a Sessão às
11h29min.)
* * * * *